Com a tecnologia disponível nos nossos lares, nos dias de hoje é previsível que o negócio de locação de filmes tende a mudar. Quem não se reinventar corre o risco de seguir caminho semelhante ao da Blockbuster americana. O curioso é pensar como uma empresa controlada por gigantes da área de comunicação não se antecipou a essas mudanças.
Sempre que leio sobre casos como esse, em que empresas não percebem as mudanças que surgem no ambiente de negócios, lembro-me da metáfora do sapo. Se você colocar um sapo vivo dentro de uma panela com água fervendo, imediatamente ele saltará em fuga, pois ele percebe a ameaça em sua própria pele. Porém, se você colocar esse mesmo sapo em uma panela com água fria, e for esquentando-a gradativamente, ele morrerá cozido, pois o sapo – assim como alguns empresários – não percebe as mudanças ocorridas em seu ambiente.
É possível fantasiar o que se passa na cabeça do sapo enquanto a água esquenta, fazendo uma associação com o modelo dos 5 estágios de queda das empresas, propostos por Jim Collins em seu livro “Como as Gigantes Caem?”:
Estágio 1 – O excesso de confiança proveniente do sucesso.
- 28º – Humm, estou tão bem!
- 30º – Alguma coisa está estranha, mas eu sou um sapo e me adapto fácil.
- 32º – Conheço tudo e sei que vou me dar bem.
- 33º – Quer saber? Posso aguentar mais. Consegui aguentar até aqui e posso aguentar mais.
- 35º – Vou expandir minha ocupação.
- 36º – Ué! Que está havendo? Estou me sentindo desconfortável.
- 38º – Estou sentindo um calor…
- 39º – Não estou me sentindo nada bem.
- 40º – Acho que estou ficando estressado.
- 42º – É, realmente estou me sentindo mal. Acho que vou esperar um pouquinho para ver se eu melhoro.
- 43º – Ih! Não estou nada melhor. O que será que está acontecendo, hein?
- 44º – Se continuar assim vou tomar uma providência inovadora. Vou arrebentar no mercado.
- 46º – Apesar de todo o conjunto de inovações, nada dá certo.
- 48º – Eu devia ter agido antes e resgatado o simples, agora é tarde. Estou sem forças, desanimado.
- 48º – Sapo fervido. Morreu sem, ao menos, saber o que o matou!
Existem duas perspectivas a serem consideradas na vida: a interna, ou absoluta, aquela que você se compara a você mesmo; e a externa, relativa ou ambiental, quando você se compara ao meio ambiente. Como o sapo só se utiliza da interna, vai se melhorando, se ajustando até que chega ao limite da sua capacidade e morre. É um atitude confortável só não é suficiente.
A metáfora do sapo ilustra um padrão de comportamento que muitos profissionais têm frente às mudanças que ocorrem no mundo corporativo. As pessoas ou organizações que usam deste pensamento costumam dizer:
- Ah, aqui sempre foi assim! Para que mudar?
- Ih, melhoramos muito! Você precisava ver como éramos antigamente.
Em um ambiente competitivo no qual vivemos hoje, onde as mudanças são cada vez mais frequentes, devido a velocidade com que a informação circula, quem olha apenas para o próprio umbigo, não as percebe, e como o sapo, não sobrevive.
Não se pode resolver novos problemas usando os mesmos métodos e recursos que deram certo com os antigos. Einstein já dizia: “Os problemas significativos com os quais nos deparamos, não podem ser resolvidos no mesmo nível e estado mental em que estávamos quando eles foram criados”.
Muitas vezes os sinais da mudança estão escancarados em nossa frente. Porém teimamos em ignorá-los, e continuamos trabalhando para nos ajustar, se espremendo, fazendo economia, cortando investimentos, sacrificando o futuro da empresa em troca do presente. Não percebemos que está na hora de mudar, encontrar um novo caminho, desenvolver novos recursos e métodos.
É necessário entender que muitas vezes é preciso decidir se ficamos no bem bom ou arriscamos saltar para fora da panela, sem a certeza de onde vamos pousar. Contudo, quem não arrisca não petisca.
Por essa razão é que são precisos novos mapas para navegar novos mundos.
@blogdomarcelao
http://www.hsm.com.br/blog/2010/11/a-queda-dos-gigantes-e-a-metafora-do-sapo/
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